sábado, 5 de março de 2011

Prosear...




Prosear é um jeito de falar. Fala sem objetivo definido, como o vôo dos urubus - indo ao sabor do vento. Palavras fluindo. Um jeito taoísta de ser. Para prosa não existe 'ordem do dia', não há conclusões, não há decisões. A prosa não quer chegar a nenhum lugar. A prosa encontra sua felicidade em prosear. Como andar de barco a vela em que o bom não é chegar mas o 'estar indo'. 'A coisa não está nem na partida nem na chegada, mas na travessia', Guimarães Rosa. Prosear é brincar com as palavras. Escrevi uma crônica com o título Tênis x Frescobol, sobre dois tipos de fala. Fala do tipo Tênis tem um objetivo preciso: reduzir o outro ao silêncio por meio de uma cortada. Ter razão. Ganhar o argumento. Convencer. Sempre termina mal. Um ganha, fica feliz e se sentindo superior. O outro perde, fica com raiva e se sentindo inferior. Frescobol é diferente. A felicidade do jogo está em estar acontecendo, em não parar, vai, vem, vai, vem, vai, vem, como numa transa indiana, sem orgasmo, feita de um prazer permanente que não acaba. O orgasmo na transa, como a cortada no tênis, são o fim do brinquedo. Saber prosear, jogar conversa fora, é o segredo das relações amorosas. Nietzsche dizia que quando se vai casar a única pergunta importante a se fazer é 'terei prazer em conversar com essa pessoa quando eu for velho?' Nessa sala estaremos proseando. Falar sobre o que der na telha. Pensamentos avulsos. Dicas. Informações sobre as coisas novas na minha casa. Apareça sempre para prosear!


quinta-feira, 3 de março de 2011

Os livros e eu, eu e os livros...

Para me beijar: os poemas de Manoel de Barros;
Para me fazer dormir: as estórias das Mil e uma noites;
Para acordar: o cotidiano das crônicas e novelas de Clarice ou mesmo um poema de Cecília;
Para rir: os contos de Rubem Fonseca;
Para pensar na vida: as estórias de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos;
Para passar o tempo: a ficção de Borges;
Para as despedidas: Fernando Pessoa;
Para sentir saudade: a Odisséia de Homero e os Cem anos de solidão de Gabriel Garcia Marquez.